Título: Por uma epistemologia do abjeto: a aids e o regime de verdade produzido pela imprensa em Teresina na década de 1980
Autoria: Ítalo Cristiano Silva e Souza
Orientação: Manoel Ricardo Arraes Filho
Mestrado em História
Universidade Federal do Piauí – UFPI
Data da Defesa: 18/08/2014
Teresina – PI
Resumo: Na década de 1980 temos a emergência de uma nova patologia no cenário biológico mundial que atingiu milhares de pessoas, a síndrome da imunodeficiência adquirida (aids), provocada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). No Brasil, vivia-se o período da abertura política depois de 21 anos de ditadura civil-militar, na qual discussões sobre o futuro da juventude e a composição das liberdades políticas e comportamentais permeavam os discursos veiculados pela imprensa. A aids, assim, inseria-se no bojo histórico das mudanças desse período, uma vez que transformava-se numa metáfora que aglutinaria anseios e preconceitos contra as “sexualidades dissidentes”, tornando-se um “dispositivo” para normalizar e repatologizar determinados sujeitos que eram identificados como a “anti-norma” do padrão “heterossexual”. Partindo dessa problemática, a pesquisa teve como objetivo principal entender como se deu a elaboração de um “regime de verdade” sobre a aids durante a década de 1980 nos jornais O Dia, O Estado, Jornal da Manhã e na revista Impacto, todos publicados em Teresina. A metodologia empregada foi a análise do discurso foucaultiana, em que os enunciados veiculados pela imprensa podem ser tratados na “espessura material” de sua existência, no momento em que são praticados e escritos numa teia complexa de relações que são dispersas, mas que podem formar regularidades sobre determinados elementos, sujeitos e conceitos referentes a aids. Partindo de então, as identidades e as categorias forjadas pelos discursos mobilizados pela aids foram historicizadas e problematizadas. Diferentemente da análise dos autores Richard Parker e Jane Galvão; que afirmaram que ao longo da década de 1980, diante da identificação do vírus HIV em 1983, teria ocorrido a redução, por parte da mídia brasileira, dos discursos que associavam a aids aos “grupos de risco”; percebeu -se que em Teresina, quando da análise dos já supracitados impressos pesquisados, houve a proliferação desses discursos principalmente no momento em que eram confirmados os primeiros casos da doença em 1987. Esses discursos contribuíram ainda mais para que houvesse uma “homossexualização” dos “grupos de risco”, criando-se assim a figura do “aidético”, um ser “abjeto” atravessado por uma superfície acontecimental e portanto histórica de indivíduos que habitaram sentidos e metáforas formadoras de estigmas e “identidades deterioradas”.
Palavras-Chave: Imprensa; Análise do Discurso; Abjeto; Aids; História
Fonte: Catálogo de Dissertações e Teses Capes
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