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Sodomitas “de cor” ante a inquisição portuguesa (Bahia, 1644 a 1646)

Título: Sodomitas “de cor” ante a inquisição portuguesa (Bahia, 1644 a 1646)

Autoria: Daniana Oliveira Bispo

Orientação: Maria das Graças de Andrade Leal

Mestrado em História Regional e Local

Universidade do Estado da Bahia – UNEB

Data da Defesa: 11/12/2017

Santo Antônio de Jesus – BA

Resumo: Esta pesquisa estuda dois escravizados sodomitas perseguidos pela Inquisição portuguesa entre os anos de 1644 e 1646. Refletimos sobre a sodomia como um delito contra a moral católica jurisdicionado pelo Tribunal do Santo Ofício da Inquisição em Portugal desde 1557. Nossas personagens são um cozinheiro lisbonense e um ator cômico moradores na Capitania da Bahia. O primeiro, Jerônimo Soares, utilizava da alcovitice para praticar a sodomia e o segundo, apenas registrado nas fontes com o codinome Bugio (macaco), ficou conhecido por ser alugado por seu senhor para atos sexuais, e em uma condição supostamente autônoma, por seduzir seus parceiros sexuais. Ambos, além de sofrerem com a escravização, sofriam também por sua prática sexual condenada. Nesta perspectiva, discorremos sobre a influência da religião católica e as ferramentas de controle utilizadas para a sociedade colonial seguir o caminho da fé e da moral. A sodomia era considerada um pecado contra a natureza, responsável pelo dilúvio universal, do qual “só em pronunciar o nome, o ar já ficava poluído”, segundo linguagem nos documentos. As fontes utilizadas são os documentos inquisitoriais, que foram transcritos e modernizados no intuito de facilitar a narrativa para o melhor entendimento do leitor; embora, quase sempre, mantivemos a forma original/arcaica das palavras, logo, as histórias destes sujeitos puderam ser reconstituídas, ainda que fragmentariamente, nos depoimentos dos denunciantes anotados no Processo (nº12.257) e nos registros das denúncias no Caderno do Promotor (nº 29), localizadas e disponibilizadas on line, pelo Arquivo Nacional da Torre do Tombo (ANTT). É neste contexto de ameaças cotidianas que pensamos no papel de Jerônimo Soares e Bugio enquanto agentes das suas histórias e das suas liberdades, ainda que sexual, ou seja, escravizados, que não foram submissos ao seu senhor, tampouco às leis inquisitoriais, que ainda que de forma lenta e gradual, dentro dos seus limites e ou condições, tornaram- se cúmplices dos seus senhores, afinal enquanto Jerônimo “alcovitava” rapazes – sob o conhecimento do seu senhor –, Bugio era oferecido por seu dono a outros sodomitas.

Palavras-Chave: Sodomia; Escravidão; Inquisição; América portuguesa

Fonte: Catálogo de Dissertações e Teses Capes

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