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“Um roteiro seguro e certo, a elevar as almas jovens”: educação afetiva e sexual na revista Mocidade (1958-1994)

Título: “Um roteiro seguro e certo, a elevar as almas jovens”: educação afetiva e sexual na revista Mocidade (1958-1994)

Autoria: Luanna Fernanda da Cruz Bach

Orientação: Karina Kosicki Bellotti

Mestrado em História

Universidade Federal do Paraná – UFPR

Data da Defesa: 28/02/2020

Curitiba – PR

Resumo: A presente dissertação analisa o discurso sobre educação afetiva e sexual para a juventude em um periódico publicado pela Casa Publicadora Brasileira, editora da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD) no Brasil. Partindo da perspectiva da História Cultural das Religiões e dos estudos de gênero, este trabalho mostra como a revista Mocidade constrói modelos de sexualidade, namoro, noivado e casamento para a juventude no contexto brasileiro na segunda metade do século XX. Esse modelo, pautado por uma moral cristã, compreende que o namoro e o noivado são etapas para algo maior: o casamento. De caráter monogâmico, cisgênero, heterossexual e vitalício, casamento é para além de uma união burocrática, um matrimônio: a união entre um homem e uma mulher sob o olhar de Deus. Sendo assim, o casal deve estar sempre em concordância com os princípios cristãos, não transgredindo as leis de Deus desde as etapas pré-matrimoniais. Quanto à sexualidade, ela deve ser constantemente controlada durante o namoro e o noivado, pois é algo reservado único e exclusivamente para se vivenciar dentro dos contornos matrimoniais. Nos casos em que o/a jovem exerce-a fora do casamento, deixando-se levar pelas influências das “novas ideias” trazidas pela liberação sexual, o preço pago é alto. As consequências apontadas pela revista são as “doenças venéreas”, a gravidez indesejada e o aborto. Quem se desvia da norma heterossexual também é considerado/a um/a transgressor/a das leis de Deus. A homossexualidade e a masturbação são apresentadas como problemas psicológicos decorrentes de traumas e falhas no desenvolvimento psicológico e social. Ainda assim, é possível notar transformações em meio às tensões doutrinárias. Mesmo que apareçam pouco, algumas fissuras são encontradas dentro do discurso hegemônico de Mocidade no que tange ao feminismo, ao casamento, ao sexo e a violência doméstica. Quanto a metodologia, a partir dos cerca de 145 exemplares da revista disponíveis na Biblioteca Pública do Paraná e em acervo pessoal, selecionamos matérias que abordassem os temas de interesse da pesquisa. O material selecionado, que data entre 1958 e 1994, foi organizado para análise conforme os eixos trabalhados em cada capítulo. Considerando a necessidade de refletir sobre como as religiões não só utilizam a mídia, mas também como através dela aderem sentidos à experiência religiosa, entendemos que por meio de suas revistas, a Igreja Adventista do Sétimo Dia não só constrói sua identidade religiosa, como oferece um modelo de mundo e de vida para quem as lê. O interesse desta pesquisa foi, portanto, entender como o discurso cristão da revista propõe ao público leitor, majoritariamente jovem, uma educação sexual e afetiva pautadas na norma cristã e num modelo de sexualidade heteronormativo e monogâmico em meio a um contexto de intensas transformações trazidas pela revolução sexual em meados do século XX.

Palavras-Chave: educação sexual, relações de gênero, adventismo, mídia impressa, revista mocidade

Fonte: Catálogo de Dissertações e Teses Capes

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