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Cosmopercepções afro-ameríndias: memórias, genêro e sexualidade nas religiões de terreiro de Campina Grande – PB (1955-2022)

Título: Cosmopercepções afro-ameríndias: memórias, genêro e sexualidade nas religiões de terreiro de Campina Grande – PB (1955-2022)

Autoria: Lucas Gomes de Medeiros

Orientação: Natanael Duarte de Azevedo

Doutorado em História

Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE

Data da Defesa: 24/10/2022

Recife – PE

Resumo: Os estudos das chamadas religiões afro-brasileiras, religiões de terreiro ou afro-ameríndias (como aqui proposto) encontram no âmbito da Sociologia, Antropologia e Ciência das Religiões terrenos férteis para o desenvolvimento dos mais variados debates e pesquisas no Brasil há pelo menos um século – quando dos pioneiros textos do médico e antropólogo maranhense Nina Rodrigues. O mesmo não pode ser dito a respeito da produção historiográfica. A História, enquanto área de produção de conhecimento, por muito tempo não direcionou seus interesses para com práticas culturais e dinâmicas sociais cujas realidades são dificilmente acessadas por fontes outras que não as de natureza escrita ou cujos eventos são de difícil precisão temporal. Posto isso, essa tese propõe, no âmbito de uma disciplina pouco afeita ao tema, analisar as cosmopercepções, precisamente as dinâmicas da memória e dos marcadores sociais de gênero e sexualidade nas religiões afro-ameríndias da cidade de Campina Grande-PB. Buscou-se, compreender as concepções de mundo nos terreiros da cidade – através da história oral e de observações participantes – e o que essas concepções informam sobre as referidas dinâmicas. Os terreiros campinenses se constituem a partir de um complexo entrecruzamento de diferentes práticas rituais e sistemas de crença e nessa encruzilhada os saberes ancestrais afro-ameríndios se encontram com práticas e compreensões de mundo ocidentalizadas. Esses encontros promovem (de maneira extremamente polissêmica) aproximações, divergências e reelaborações cosmológicas. Analiso, como os marcadores de sexualidade e gênero coexistem nos terreiros; a que saberes afro-ameríndios e/ou ocidentais estão associadas; quais dispositivos de controle reiteram ou subvertem e como os sacerdotes e sacerdotisas lidam com eles. Dada a particularidade da maioria dos terreiros campinenses – o fato de congregarem no mesmo espaço práticas ligadas ao Candomblé e a Jurema Sagrada – perscruto e discuto o processo de acomodação e reinvenção histórica dos cultos na cidade na tentativa de definir como se forjam processos de subjetivação e compreensões de mundo em espaços de contatos interreligiosos. É possível afirmar, a partir das observações participantes e da análise das narrativas, que os jogos de gênero e sexualidade nos terreiros estão associados a uma relação entre: saberes cosmológicos (construídos e/ou reelaborados nas casas a partir da relação entre os indivíduos e o sagrado) e dinâmicas sócio históricas (que conectam os terreiros a uma realidade espacial mais ampla e perpassada por exercícios de poder que interferem na vida religiosa). A multiplicidade de entendimentos forjados para com o gênero e sexualidade é elucidativa das condições sempre contingentes desses marcadores no âmbito dos terreiros.

Palavras-Chave: Cosmopercepções afro-ameríndias, Campina Grande-PB, Memória, Gênero, Sexualidade

Fonte: Catálogo de Dissertações e Teses Capes

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