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“Grito, logo existo”: Reinaldo Arenas, o rebelde (1943-1990)

Título: “Grito, logo existo”: Reinaldo Arenas, o rebelde (1943-1990)

Autoria: Bruna Alves Carvalho Mendes

Orientação: Libertad Borges Bittencourt

Mestrado em História

Universidade Federal de Goiás – UFG

Data da Defesa: 27/09/2019

Goiânia – GO

Resumo: Essa dissertação examina a obra autobiográfica Antes que Anoiteça, do escritor cubano Reinaldo Arenas. Nascido em 1943, sob o signo da ditadura de Fulgêncio Batista, viu o socialismo ser instaurado na Ilha em 1959, sendo parte de um grupo alvo que a Revolução quis atingir: a juventude. Sob o preceito do Homem Novo, que considerava como dever do homem cubano ser viril e defensor ferrenho dos ideais revolucionários, os jovens foram moldados para atingir esse modelo de masculinidade e de guerrilheiro. Escritor e homossexual, enfrentou-a em duas frentes, visto que escritores contrários ao regime eram considerados contrarrevolucionários e, portanto, intoleráveis; além da perseguição contra os homossexuais. Foi exilado pelo porto de Mariel em 1980, num movimento migratório formado em sua maioria por jovens que foram coagidos a apoiar e sustentar a Revolução, mas que sofreram perseguições por suas convicções contrárias ao regime e à moral vigente. Pelo seu relato, identificamos duas formas que Arenas utilizou como resistência. Uma, sua própria escrita. Para ele, a literatura era sua forma de existir e atuar no mundo, tanto com sua autobiografia, um grito pela liberdade e contra a opressão, quanto em seus livros que, mesmo ficcionais, faziam claras alusões e duras críticas ao Castrismo. Segundo, Arenas utilizou sua homossexualidade como rebeldia contra a moralidade cubana. Exilado e devastado pela AIDS, o autor julgou não ter recebido o reconhecimento que merecia em vida, e a autobiografia surge como um modo de corrigir esse negligenciamento e uma forma de existir entre os indivíduos quando ele partisse desse mundo. Todas essas questões foram analisadas sob a ótica das Escritas de Si, focando no sujeito autobiográfico de Antes que Anoiteça, fonte principal deste trabalho. Estruturado em três capítulos, examinaremos num primeiro momento a infância de Arenas e a idealização que o mesmo faz desse período de sua vida. Seguindo a cronologia, no segundo capítulo já se apresenta um Arenas jovem, entusiasmado pela Revolução, onde também discutiremos questões como a tradição machista cubana, a vida literária de Arenas, o Projeto do Homem Novo de Che Guevara e o lugar dos intelectuais e homossexuais na Revolução. No terceiro capítulo, acompanhamos a saída do autor por Mariel e o que encontrou ao chegar nos Estados Unidos da América, período onde refletiu sobre si mesmo e todo o corpo de sua obra. Nosso principal objetivo é apresentar um indivíduo rebelde, que julgava não ter encontrado seu lugar no mundo e que sofrera inúmeros exílios durante sua vida: seja dentro da Ilha, pela repressão à sexualidade e à escrita; seja por sua condição de marielito ou pela AIDS. Apresentado em Antes Que Anoiteça, Arenas busca uma justiça pós-morte que não recebeu em vida, e todos os argumentos dessa dissertação visam a compreensão da mensagem que o autor almejou cristalizar na escrita autobiográfica.

Palavras-Chave: Reinaldo Arenas, Revolução Cubana, exílio, autobiografia, Geração Mariel

Fonte: Catálogo de Dissertações e Teses Capes

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