Título: Nós e o que falavam de nós: subjetividades e discursos jornalísticos – HIV/Aids em Criciúma (1986-1996)
Autoria: Adilio Luiz Da Silveira Neto
Orientação: Janine Gomes da Silva
Mestrado em História
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
Data da Defesa: 26/06/2014
Florianópolis – SC
Resumo: Estudar a história do tempo presente tem propiciado aos profissionais da área contato com temas pouco abordados, seja pela proximidade com os acontecimentos, seja pelo fato de serem temas muito próprios desses tempos, como é o caso da aids ou sida (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida). Uma das possibilidades que surgiu nesse horizonte foi o estudo da história de doenças que emergiram junto a problemáticas muito próprias do período. A aids, reconhecida pela primeira vez nos Estados Unidos no início da década de 1980, foi doença capaz de forjar discursos não somente sobre o estado de saúde de seus pacientes, mas também sobre suas sexualidades e sobre o uso de drogas injetáveis. Para explicar a emergente enfermidade, mobilizaram-se discursos como o médico e o religioso. Em conjunto com estes dois discursos, o jornalístico dava a conhecer ao público a doença e forjava um discurso sobre ela, o que produzia não somente informações, mas atuava também na constituição de sujeitos portadores de HIV/aids (Vírus da Imunodeficiência Humana/Síndrome da Imunodeficiência Adquirida). Criciúma, como centro urbano que foi se constituindo ao longo do tempo, não ficou imune à doença, constituída inicialmente como mal próprio de homossexuais e usuários de drogas injetáveis com viagens frequentes ao exterior. Em 1985, antes mesmo do primeiro caso notificado na cidade, os jornais já enunciavam a aids como um perigo. Para construir a narrativa histórica sobre a aids colocada em discurso pelos jornais, optei por dois veículos de comunicação: Jornal da Manhã e Tribuna Criciumense. Dessa maneira pude identificar, analisar e narrar como a doença e o doente foram constituídos pelo discurso jornalístico, especificamente dos dois jornais. Somente analisar os discursos e construir a narrativa sobre eles não foi suficiente: quis também saber como o portador da doença se constituía enquanto sujeito, como construía a sua singularidade diante da doença e do que falavam dele. Afinal, não se falava somente da doença, mas também do corpo que a portava e, portanto, de seus sujeitos. Desta feita, a construção da narrativa baseou-se nas páginas dos jornais para identificar o que o discurso médico e o discurso religioso articulados no discurso jornalístico falavam a respeito da doença e de seu portador. Além disso, foram utilizadas fontes orais, com as entrevistas realizadas por mim junto a pacientes que receberam seus diagnósticos no período estudado, para analisar a constituição de suas subjetividade. Fontes escritas e orais foram selecionadas conforme a temporalidade e a espacialidade definidas para esta pesquisa, o que é sempre algo arbitrário, pois Criciúma, como pólo microrregional do sul de Santa Catarina, não se limitava às suas fronteiras físicas, já que pessoas de outras cidades interagiam também nesse espaço. A temporalidade foi selecionada e tem como marco inicial o ano de 1986, período da primeira notificação na cidade, e como marco final o ano de 1996, ano de início da distribuição do popular coquetel na rede pública de saúde, que atuou na configuração da aids como doença tratável e do doente não mais como alguém à espera da morte, mas com todas as condições de viver com qualidade de vida.
Palavras-Chave: HIV/Aids; Criciúma; Saúde; Discursos; Subjetividades
Fonte: Catálogo de Dissertações e Teses Capes
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