Título: Pornográficos ou Perigosos? Subjetividades de Gênero nos Romances de Adelaide Carraro (1963-1985)
Autoria: Adriana Fraga Vieira
Orientação: Janine Gomes da Silva
Doutorado em História
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
Data da Defesa: 09/06/2020
Florianópolis – SC
Resumo: Adelaide Carraro (1929-1992) foi uma escritora de intensa produção literária no contexto da ditadura civil-militar no Brasil. Escrevia temas considerados fortes e polêmicos, ligados a questões sociais, sexualidade e política em uma época de intensa repressão cultural. Em suas obras são recorrentes temas ligados à sexualidade, ao casamento, ao adultério, à maternidade, ao aborto, à prostituição, à virgindade, à masturbação, à homossexualidade, entre outros. Em meio a temáticas, de certa forma, “espinhosas” para a época, a autora sai em defesa da libido feminina e do direito ao corpo, sem deixar de lado alguns dos valores tradicionalmente defendidos pela sociedade. Por abordar questões envolvendo a libido feminina e masculina suas obras foram classificadas como eróticas e pornográficas pelos censores que avaliaram treze dos quarenta e seis livros publicados. A despeito da censura, sua obra obteve ampla aceitação e foi sucesso de vendagens entre as classes populares. Os primeiros livros são autobiográficos e as composições literárias subsequentes prosseguiram ancoradas em narrativas de vida que ela afirmava recolher do cotidiano de São Paulo, oferecendo-as ao público como “estóriasverdade”. As relações de gênero, as representações sobre o corpo e a sexualidade, e as mazelas sociais marcam o conjunto de sua obra, que demonstra a intenção de propor a construção de novas subjetividades de gênero para um público predominantemente feminino dos anos 1970 e 1980. Esta tese analisa as subjetividades de gênero normativas e dissidentes oferecidas pela escritora brasileira Adelaide Carraro em sua produção literária e autobiográfica, centrada entre os anos de 1963 e 1985, período de contexto da ditadura civil-militar e emergência dos movimentos feministas. O estudo articula a vida e a obra da autora, entendendo-as como inseparáveis na compreensão da produção de subjetividades que serão oferecidas no discurso literário. As intersecções entre literatura, autobiografia e subjetividade estão alinhavadas ao contexto de repressão política e cultural do período, que deixou marcas em sua escritura e provocou uma complexa relação de atração-repulsa entre a escritora e o regime civil-militar estabelecido no Brasil em 1964. A literatura é um campo privilegiado para o estudo das sensibilidades que orientam a produção de sentidos e subjetividades de uma época, sendo a fonte principal desse estudo ao lado de autobiografias, entrevistas, jornais e processos de censura.
Palavras-Chave: Adelaide Carraro, Literatura, Erotismo, Subjetividade, Gênero
Fonte: Repositório UFSC
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