Menu Close

Um império transviado em Sodoma: uma genealogia queer da sodomia e do sodomita no Império Português – Séculos XVI-XVIII

Título: Um império transviado em Sodoma: uma genealogia queer da sodomia e do sodomita no Império Português – Séculos XVI-XVIII

Autoria: Cássio Bruno de Araujo Rocha

Orientação: Luiz Carlos Villalta

Doutorado em História

Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG

Data Defesa: 30/04/2021

Belo Horizonte – MG

Resumo: A tese visa produzir uma genealogia queer da sodomia e dos sodomitas, investigando-as como conceito teológico, categoria de subjetividade e prática erótica. O cenário da pesquisa é o Império ultramarino português durante a Época Moderna, em meio à ação persecutória do Santo Ofício da Inquisição. A questão central é discernir em quais condições discursivas e extra discursivas podia o sodomita funcionar como uma categoria de subjetividade. Por condições discursivas e não discursivas entende-se as relações de saber-poder, cujo jogo delineava, nas sociedades estudadas, um modo de experiência do erotismo tipicamente cristão e não moderno. Na esteira do último Foucault, denomina-se, nesse trabalho, essa experiência cristã do erótico como o dispositivo da carne, no seio do qual certos sujeitos eram interpelados (sujeitados e subjetivados) e, destarte, manufaturados. Assim, a tese constitui-se de três focos de uma análise arqueo-genealógica, dando origem às três Partes do texto. Um voltado para as relações de saber em torno da sodomia e do sodomita como categorias organizadas em certas formações discursivas, outro interessado nas relações de poder capazes de interpelar adeptos do homoerotismo e/ou do erotismo anal como sujeitos sodomitas ou cristãos, e um terceiro direcionado para os modos como os sujeitos foram se construído no torvelinho das relações de saber-poder e dos processos históricos mais amplos típicos de sociedades de Antigo Regime, coloniais e escravistas. Como se deram as práticas de subjetivação de sujeitos sodomitas a partir da experiência da carne cristã? Se fontes como os processos inquisitoriais (bem como as denúncias e confissões registradas nos Cadernos do Nefando) armazenam narrativas acerca das vidas de pessoas que praticaram de alguma forma a sodomia, o objetivo principal da tese foi, a partir dessa documentação (acrescida de outros conjuntos, como tratados teológicos e morais, bem como códigos jurídicos seculares e eclesiásticos) explicitar as maneiras pelas quais a sodomia e os sodomitas se tornaram objetos para a problematização moral e espiritual da Igreja Católica, para os esforços de governo das almas dos súditos do Império português, cujas instituições buscavam criar uma fantasia política da unidade de um Império confessional cristão e casto, e para as práticas de subjetivação cotidianas de amantes homoeróticos e/ou apreciadores do sexo anal. Por fim, a tese visa deslocar as categorias contemporâneas de identidade sexual, por meio de um enfoque nas descontinuidades históricas entre a homossexualidade e a sodomia. Qual a radical especificidade histórica daqueles sujeitos que foram vistos como uma ameaça tão terrível, que era capaz de tornar Portugal umImpério transviado em Sodoma? A incontornável alteridade do sodomita, desse sujeito jurídico condenado às penas máximas do inferno por seu desejo, designado como nãonatural e irracional, como idólatra, afeminado, corrupto e concupiscente, como um sexo herético, põe em destaque a provisoriedade histórica do sujeito homossexual típico do capitalismo burguês a partir do final do século XIX.

Palavras-Chave: Sodomia, Homoerotismo, História da sexualidade, Inquisição

Fonte: Catálogo de Dissertações e Teses Capes

Acesse o trabalho completo clicando aqui

Posted in 2021, MG, SUDESTE, tese, UFMG

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *